18 de mai. de 2008

Carta Aberta

Embora eu aceite a condenação por meus erros sei que essa condenação não seria por minha essência, mas apenas por determinados elementos e personagens que vivem em mim, os quais me levariam como um todo à condenação total.
Jesus quando veio a Terra cerca de dois mil anos atrás anunciou a liberação de todos aqueles que pudessem reconhecer em si mesmo a divindade do seu ser, bem como a perversidade dos personagens e também a capacidade de filtrar e selecionar sua conduta. Esta capacidade vital, entretanto, depende do desejo interno de cada um, depende da vontade individual manifestada e expressada de forma consciente desde o Ser para conciliar-se com todos os personagens internos de modo a criar um novo mundo dentro e fora de si mesmo livre da condenação eterna.
De minha parte essencial venho fazendo meu empenho para alcançar libertar-me, pois essa Glória do Pai a mim foi oferecida desde dois mil anos atrás. Eu sempre acreditei que a boa vontade supera os equívocos cometidos por mim em face dos personagens internos que ainda permanecem inconscientes do meu verdadeiro propósito de Glorificação da minha existência, fazendo-me ainda equivocar nos momentos de sonolência ou distração.
Reconheço que a Fortaleza do Ser é alcançar a conciliação de todos os personagens que habitam dentro, é conseguir impedir os atos de inconsciência dos personagens rebeldes.
A natureza humana, no entanto, é complexa e ainda está susceptível a equivocar-se em face de antigos programas escondidos nas entranhas do universo da personalidade e que necessitam ser transformados e atualizados para os tempos da absolvição dos pecados. Ainda assim, muitos seres humanos se consideram juízes e desejam a eterna condenação de todo o conjunto que habita dentro do outro por erros cometidos no passado por personagens já rendidos e silenciados por um imenso trabalho de persuasão realizado exaustivamente ao longo de anos. Existem cegos que não acreditam no que estão vendo e preferem as miragens do passado e até dos tempos antes da vinda do Cristo Salvador e tratam de justificar esta visão distorcida da realidade presente de alguma maneira para sentirem-se superiores em detrimento do outro.

A condenação a que estou aceitando é porque meu pedido de liberação não foi acolhido. Não tenho a pretensão de praticar a teimosia e exigir a libertação como sendo um direito irrestrito, embora eu saiba que quando se pede perdão ao Pai certamente o Pai atende. Entretanto, quando se pede perdão a outro ser como eu, o outro tem o livre arbítrio de negar, como ocorre neste episódio da nossa convivência. Eu nada posso fazer senão aceitar tal condenação, pois isto representa dar a outra face ao verdugo até que ele saiba que nada devo e que nada temo.

Reconheço que eu tenho igualmente o mesmo livre arbítrio de condenar quem me condena, pois nem eu nem o outro fomos capazes de alcançar a perfeição, ainda não alcançamos o estado imaculado cuja vigência seja eterna. Porém, abro mão desse livre arbítrio de julgar e condenar a outrem, pois não sou juiz, não me sinto apto a condenar a quem quer que seja. Eu apenas permito-me aceitar a condenação imposta pelo outro, pois não devo impedir o desejo do outro a não ser a partir de agora, neste exato momento, pois devo transformar-me e alcançar a evolução que desejo alcançar, porque meu desejo é Glorificar a minha existência com a dignidade do meu Ser.

Assim, sinto-me no dever de redimir-me. Sinto-me no dever de recolher-me até que eu possa alcançar libertar-me da condenação eterna, pois assim se fez sabiamente no passado todos aqueles que foram para o deserto e se mantiveram trabalhando internamente no deserto por 40 dias em silencio e na quietude a que se submeteram para transformarem-se e transmutar toda desordem que ameaçava a própria existência.

Meu desejo é alcançar a Glória da Existência que o Pai a mim confiou alcançar.

Não estou neste mundo para sofrer estupidamente. Não estou neste mundo para fazer outros sofrerem. Não estou neste mundo para julgar a outros, nem para julgar a mim mesmo. Estou aqui neste mundo para Glorificar a Minha Existência.